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ATRAVÉS DE ou POR MEIO DE?

  • Foto do escritor: Hariele Quara
    Hariele Quara
  • há 7 dias
  • 2 min de leitura

Todo revisor já disse ou já ouviu dizer que ATRAVÉS DE não é sinônimo de POR MEIO DE e que seu sentido está relacionado somente a atravessar. Fato é que há um preconceito generalizado com essa expressão aplicada nesse sentido.


Como profissionais, não podemos ignorar “a voz do povo”, mesmo que ela não seja “a voz de Deus” – ou dos “deuses” gramaticais.


E o que dizem os deuses?


Domingos Paschoal Cegalla afirma:


“[…] Está generalizado o uso desta locução no sentido de ‘por meio de’, ‘por intermédio de’. Por isso não há senão legitimá-lo […]” [1].


Maria Tereza Piacentini segue a mesma linha:


“Houve um tempo em que se sugeria não recorrer a através de como sinônimo de por meio de […] Entretanto este uso acabou se generalizando. Enfim, já está consagrado, acertado e dicionarizado o uso da locução […]” [2].


Falando em dicionarizado, o Dicionário da Academia Brasileira de Letras coloca as expressões como sinônimas:


“Através de: 1. de um lado a outro: A bola passou através da couraça. 2. fig. por meio de; mediante: regressão através de hipnose […]” [3]


Maria Helena de Moura Neves adverte:


“O uso da expressão através de com o significado de ‘mediante’, ‘por meio de’ (em correspondência com o inglês through) é condenado nas lições normativas (anglicismo). Entretanto essa construção é bastante usual em todos os tipos de texto” [4].


Agora que você já tem justificativas divinas para o uso, eu preciso lembrar a “voz do povo”: recomendo não usar ATRAVÉS DE como sinônimo de POR MEIO DE se houver a possibilidade de questionamento e preconceito quanto ao texto em vista desse uso.


Assim, se for trocar, para não haver muita repetição de POR MEIO DE, sugiro alguns sinônimos: via, por, mediante, por intermédio de, por intervenção de, atendendo a, graças a, fazendo uso de, com a ajuda de, com o auxílio de, por ação de.


Referências:


[1] CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2018. p. 60.


[2] PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz. Não Tropece na redação: questões de gramática e estilo. Curitiba: Bonijuris, 2019. p. 150.


[3] ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Dicionário escolar da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. p. 77.


[4] NEVES, Maria Helena de Moura. Guia de uso do português: confrontando regras e usos. 2. ed. São Paulo; Editora UNESP, 2012. p. 101.

 
 
 

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